
Flores
Flores 2023
Terra de lagoas e cascatas, de piscinas naturais e miradouros, de percursos pedestres e flores como a cana-roca, a ilha das Flores é, porventura a par com São Jorge, uma das mais bonitas ilhas dos Açores.
Os dias na ilha das Flores são de surpresa constante. Começa no momento em que se entra no carro e se sente o desejo de querer parar a cada minuto, para desfrutar das estradas verdes e floridas (sim, Flores faz justiça ao seu nome), até ao momento em que se entra numa parte desse verde e se espera que um tiranossauro rex apareça, do nada, em qualquer lugar. Se lhe dissermos que Flores é o Parque Jurássico Português, não estaremos a ser completamente honestos porque é tudo isso juntamente com piscinas naturais de águas turquesas, cenários de imponentes cascatas, lagoas coloridas rodeadas por mil tons de verde e laranja, e um gin açoriano na Fajã Grande, a despedir o sol no mar.
A ilha das Flores é uma das nove ilhas do arquipélago dos Açores que fazem parte da Macaronésia (como Madeira, Canárias e Cabo Verde) e, juntamente com o Corvo e a Graciosa, está incluída na Rede Mundial de Reservas da Biosfera da UNESCO desde 2009. Esconde a maior e a mais bem preservada "turfeira" do Atlântico, um ecossistema único que é uma autêntica reserva de água, capaz de reter até 20 vezes o seu peso em água, essencial para o equilíbrio hídrico da ilha e para a sua incrível paisagem de ribeiras e cascatas. Quando foi batizada, no século XV, estava coberta de cubres , umas flores amarelas que lhe deram o nome, ainda que actualmente tenham perdido a sua proeminência em comparação com outras flores. Além de bonito, é o território mais ocidental da Europa (mais especificamente o seu ilhéu, o ilhéu de Monchique) por isso, quando estiver a apreciar o pôr-do-sol nas Flores, saberá que é a última pessoa na Europa a fazê-lo (juntamente com todas aquelas que a acompanham na ilha). Embora geograficamente esteja na Europa, geologicamente está na América, dado que tanto as Flores como a vizinha ilha do Corvo assentam na placa tectónica americana.
3 Dias
PISCINAS NATURAIS DE SANTA CRUZ DAS FLORES
águas translúcidas e cheias de peixe (e muito menos frias do que antecipara), um espaço razoavelmente amplo e bem cuidado,
POÇA DAS SALEMAS
Perto destas piscinas naturais encontra-se a Poça das Salemas. Para desfrutar deste paraíso florentino basta descer primeiro as escadas de madeira, depois as de metal e nadar, flutuar, observar a vida marinha. Desfrute!
MUSEU DA FÁBRICA DA BALEIA DO BOQUEIRÃO
Possibilidade de ver um documentário sobre todo o processo da caça à baleia, que nos prendeu por longos minutos (até o mar se começar a pintar de vermelho, altura em que achei por bem não expor o mais pequeno à violência das imagens). E depois, o passeio pela própria fábrica, conhecendo a maquinaria utilizada no desmancho dos cachalotes e as explicações sobre o processo.
QUEIJARIA VAL DA FAZENDA
Perto de Santa Cruz das Flores, na Fazenda de Santa Cruz, encontra-se a Queijaria Val da Fazenda ou, como é conhecida localmente, a "Queijaria das Anas", uma vez que duas Anas, mãe e filha, gerem este negócio a partir de casa. Vivem ali mesmo, mas infelizmente quando lá fomos, não estavam e ficámos sem provar o famoso queijo. E digo famoso porque - graças a Jorge Brilhante que possibilita que o deguste no restaurante Maresía na Fajã Grande - o seu queijo é mesmo vendido na loja especializada "Queijaria" em Lisboa. Para além dos queijos frescos, existem também queijos curados, com períodos de cura que variam entre dois a quatro meses.
MIRADOURO CRAVEIRO LOPES
Considerado um dos mais belos miradouros da ilha, vale a pena aproximar-se do miradouro Craveiro Lopes para obter uma vista panorâmica das falésias verdes da costa ocidental, uma vista diferente (e distante) das impressionantes cascatas do Poço da Ribeira do Ferreiro, sobre a Fajã Grande e até da Aldeia da Cuada.
MORRO ALTO
O Morro Alto é o ponto mais alto da ilha das Flores, com 914 metros acima do nível do mar. Pode-se chegar lá por uma estrada de terra (pode-se ir de carro, lenta e calmamente, apreciando a paisagem) e, se o dia estiver claro, ter uma bela vista panorâmica de toda a ilha e mesmo da ilha vizinha, o Corvo.
POÇO RIBEIRA DO FERREIRO (Poço da Alagoinha)
O Poço da Ribeira do Ferreiro (também conhecido como Poço da Alagoinha ou Lagoa das Patas) é uma das paisagens mais deslumbrantes que temos visto nas nossas viagens pelo mundo, por isso arriscamo-nos a dizer, sem medo de represálias, que ao visitar este lugar estará a visitar um dos lugares mais bonitos de Portugal. A imponente lagoa rodeada pela falésia verde de cerca de 200 metros de altura pontilhada por dez ou vinte quedas de água não deixa ninguém indiferente e, de facto, quando puder fechar a boca estará à espera que um rex tiranossauro esteja à espreita. O espelho de água reflete e duplica a beleza destas cascatas.
O Poço Ribeira do Ferreiro é, provavelmente, um dos locais mais icónicos e fotogénicos da ilha das Flores. Uma envolvência magnífica, com uma parede verde quase vertical diante de um espelho de água em tons de verde e amarelo.
A melhor forma de lá chegar é, para muitos, combinar com o Trilho Lajedo - Fajã Grande (PR02 FLO), fazendo o pequeno desvio a partir da estrada alcatroada, tal como explico abaixo.
Seja como for, a partir da estrada o trilho para o Poço Ribeira do Ferreiro tem apenas 600 metros, facto que pode levar algumas pessoas a facilitarem. Mas tenha em atenção que há secções do percurso que podem estar muito escorregadias.
O trilho de 800 metros através da floresta para lá chegar (pode estacionar aqui, e o trilho começa aqui) não é muito difícil, basta ir com calma e prestar atenção ao terreno escorregadio e às pedras soltas ocasionalmente (troque os chinelos de dedo por ténis se acabou de dar um mergulho na Fajã Grande ou na cascata do Poço do Bacalhau). Aqui está a rota no Wikiloc.
O Trilho Lajedo - Fajã Grande é um percurso pedestre com 13 km de extensão, que liga precisamente as localidades de Lajedo e Fajã Grande, na costa ocidental da ilha das Flores.
o percurso é absolutamente deslumbrante, especialmente assim que se deixa a estrada de alcatrão e se começa a calcorrear um caminho de terra ao longo da base da falésia, rodeado por pastagens e campos de cultivo e ladeado por antigos muros de pedra.
FAJÃ GRANDE E AS SUAS PISCINAS NATURAIS: THE PLACE TO BE
As piscinas naturais de Fajã Grande são sem dúvida uma das paisagens mais deslumbrantes da ilha onde, mais uma vez, as protagonistas são elas, as cascatas, ou não estaríamos na ilha esponja por excelência. Aqui contemplamos as finas linhas brancas de água que escorrem pelas falésias verdes para o mar e que são um convite a banhar-se no mar, no caso de se visitar a ilha durante o Verão. A propósito, dizem que na Fajã Grande a temperatura é sempre alguns graus mais quente e o mar é um pouco mais calmo.
Fajã Grande é um espetáculo da natureza, composto, por um lado, por uma sucessão de quedas de água descendo de um imponente penhasco para desfrutar com um mergulho ou com uma cerveja na mão (o mais deslumbrante do espetáculo, como vos dissemos antes, o Poço do Bacalhau) e, por outro lado, um Atlântico a perder de vista, ou não seria esta, a ilha mais ocidental do continente europeu. Bem, desculpem, na verdade o território mais ocidental é a sua ilhota, ilhéu de Monchique que podemos ver a partir daqui.
Se se aproximar da Ponta da Fajã , seguindo a estrada que passa mesmo em frente à queda de água do Poço do Bacalhau (Estrada da Ponta), encontrará uma pequena e bela igreja, a Igreja da Nossa Senhora do Carmo. Aparentemente apenas seis famílias muito corajosas vivem aqui, dada a proximidade da falésia onde houve deslizamentos de terras em 1987 e 2009.
POÇO DO BACALHAU
O Poço do Bacalhau fica junto à Fajã Grande e é outro dos ícones paisagísticos da ilha das Flores. Uma cascata com 90 metros de altura, caindo na vertical para uma pequena lagoa rodeada de vegetação endémica, é uma visão impressionante. O caminho para lá chegar é curto mas bonito e bem arranjado.
A água desce 95 metros até atingir uma piscina natural, ideal para remover o sal do corpo após os mergulhos que fez na vizinha Fajã Grande. De facto, a cascata do Poço do Bacalhau tem muita influência pela beleza da Fajã Grande, uma vez que é a protagonista do pano de fundo que vemos quando entramos no mar.
Para lá chegar, pode estacionar ao lado desta estrada e caminhar alguns minutos até este belo canto florentino.
MIRADOURO DO PORTAL
oferece uma das vistas mais espetaculares da ilha das Flores. Dali avista-se a povoação da Fajãzinha, socalcos e campos de cultivo, a linha da costa e, ao fundo, parte da Fajã Grande e da imponente escarpa que a delimita.
Do Miradouro do Portal podemos ver a Fajãzinha e a deslumbrante cascata da Ribeira Grande, a Fajã Grande e a sua sucessão de quedas de água, a esponja verde florentina que envolve tudo e o Atlântico azul a perder de vista, ou não estaríamos na ponta mais ocidental da Europa. Sem dúvida, o cenário ideal para uma das melhores fotografias da viagem.
ROCHA DOS BORDÕES
Verá esta imponente rocha que faz lembrar um órgão de tubos, desde a estrada, até decidir ir vê-la mais de perto, de propósito. Para contemplar o órgão, desculpe, a rocha, é melhor estacionar neste miradouro. É uma formação geológica com 570 mil anos, resultante do rápido arrefecimento da rocha basáltica em colunas verticais de cerca de 20 metros de altura, coloquialmente chamadas livrarias.
Para além de contemplar o fenómeno geológico mais curioso da ilha, olhe atentamente ao longo da estrada porque também passará pela Cascata da Ribeira do Fundão, junto à estrada, a cerca de 500 metros de distância.
7 LAGOAS DA ILHA DAS FLORES
As depressões vulcânicas (caldeiras) e as lagoas da ilha das Flores são, provavelmente, o atrativo maior que povoam o imaginário dos viajantes que visitam a ilha. São sete, no total, e todas oferecem visões deslumbrantes - assim as nuvens o permitam.
Note, a esse propósito, que tive de esperar pelo dia certo para conseguir ver e fotografar as lagoas, pelo que convém alguma paciência.
LAGOA COMPRIDA
Uma das quatro lagoas que integram a Reserva Florestal Natural do Morro Alto e Pico da Sé - reserva localizada no Planalto Central e que inclui o Morro Alto, o ponto mais elevado das Flores -, a Lagoa Comprida é seguramente uma das mais fotogénicas da ilha.
Fica ao lado da Caldeira Negra, separadas por uma elevação rochosa antecedida por um miradouro a partir do qual se pode observar as duas lagoas. Creio não exagerar se disser que é um dos locais mais fotografados da ilha das Flores.
LAGOA NEGRA
À esquerda, a Lagoa Negra, vista a partir do Miradouro das Lagoas, na Reserva Florestal Natural do Morro Alto e Pico da Sé
A Caldeira Negra, "de vertentes rochosas e muito declivosas", alberga a Lagoa Negra (ou Lagoa Funda), que tem uma profundidade máxima de 115 metros. É, por isso, a lagoa mais profunda dos Açores.
No dia em que visitei o Miradouro das Lagoas, as águas da Lagoa Negra estavam esverdeadas, enquanto que as da vizinha Lagoa Comprida apresentavam uns belos tons de azul muito escuro, quase preto. Não sei se é sempre assim, mas a combinação era visualmente magnífica.
LAGOA SECA
Consta que a Lagoa Seca nem sempre faz jus ao nome. E, ao contrário do cenário desprovido de água com que me deparei, dizem que noutras estações do ano a imagem é muito distinta. Ainda pertence à Reserva Florestal Natural do Morro Alto e Pico da Sé.
LAGOA BRANCA
Um pouco mais adiante, na chamada estrada dos Ferros Velhos, o visitante vai deparar-se com a Lagoa Branca, descrita como "um anel de tufos de vertentes suaves". Confesso que gostei bastante, principalmente por causa do jogo de cores verde e amarelo na base da caldeira e junto ao miradouro, fruto da presença de flores como a cana-roca.
LAGOA DA LOMBA
Provavelmente a lagoa de que menos gostei na ilha das Flores. Não que seja feia, evidentemente, mas falta-lhe o dramatismo montanhoso das outras caldeiras. Ainda assim, não deixe de a incluir na sua lista com o que fazer nas Flores; até porque a Lagoa da Lomba é a única onde é permitido tomar banho.
LAGOA RASA
Por fim, as duas últimas lagoas - Rasa e Funda - ficam muito próximas uma da outra, algures entre os lugares de Mosteiro e Lajedo. É possível vê-las da estrada que as separa, sempre pintalgada pelo amarelo das cana-roca; mas a melhor vista é de longe, a partir de um local chamado - adivinhe! - Miradouro das Lagoas Rasa e Funda.
LAGOA FUNDA
Vista de perto, a Lagoa Funda já é impressionante, encaixada numa imponente caldeira rodeada de escarpas verdejantes. Mas ganha outra dimensão vista de longe, como facilmente comprova na fotografia seguinte. Foram as últimas lagoas que avistei na ilha das Flores - e, cada uma à sua maneira, são de facto maravilhosas.
MIRADOURO DAS LAGOAS RASA E FUNDA
Vistas as sete lagoas das Flores, há ainda um local que, na minha opinião, é absolutamente imperdível. Tem, para mim, uma das vistas mais fotogénicas da ilha. Para tal, é preciso "contornar" a Lagoa Funda e percorrer a estrada onde se encontra o chamado Miradouro das Lagoas Rasa e Funda (veja a localização no mapa abaixo).
TRILHOS
Existem cinco trilhos oficiais marcados, sendo quatro Pequena Rota (listas amarelas e vermelhas) e um Grande Rota (listas brancas e vermelhas), todos eles maravilhosos mas nem sempre fáceis. Não são, por isso, acessíveis a todos os viajantes, sendo que a dificuldade de alguns dos trilhos varia muito em função do sentido da marcha. Planeie bem antes de se meter ao caminho.
Eis um resumo dos trilhos oficiais existentes nas Flores.
Trilho Fajã Grande - Ponta Delgada (PR01 FLO). Este era o percurso pedestre que mais queria conhecer na ilha das Flores, mas acabei por não o fazer. São 12,9 km de um percurso costeiro belíssimo, que une a povoação de Ponta Delgada à Fajã Grande (faça o trilho neste sentido, não no sentido oficial). O caminho passa pelo Farol de Albarnaz e por miradouros incríveis, que proporcionam vistas sobre o recorte da costa, o oceano Atlântico e o ilhéu Maria Vaz. Mais informações.
Trilho Lajedo - Fajã Grande (PR02 FLO). Como referi, percorri apenas o último terço do percurso e posso garantir que vale a pena. No total, são 13,1 km que ligam Lajedo à Fajã Grande, com passagem pelo acesso ao Poço Ribeira do Ferreiro e vistas para os ilhéus da freguesia do Mosteiro e as colunas basálticas da Rocha dos Bordões. Mais informações.
Trilho Miradouro das Lagoas - Poço do Bacalhau (PR03 FLO). Um trilho alucinante, com 7,3 km de extensão, que começa no Miradouro das Lagoas, entre as lagoas Negra e Comprida, e desce ao longo da parede rochosa até à Fajã Grande. Tenha cuidado se o terreno estiver enlameado. Mais informações.
Trilho Fajã de Lopo Vaz (PRC04 FLO). Um pequeno trilho com pouco mais de 3,5 km (ida e volta), ligando o parque de merendas à Fajã de Lopo Vaz, alegadamente um dos primeiros locais da ilha a ser habitado. O percurso não é particularmente difícil, mas tenha em consideração os quase 200 metros de desnível positivo no regresso da fajã. Mais informações.
Mergulho na praia onde dizem que a água é mais quente do que no resto da ilha. Se só tiver tempo para fazer um trilho à volta da ilha, recomendamos este. Não ocupará o dia inteiro, o cenário é incrível e inclui um mergulho. Que mais deseja? Mais informações e brochura oficial
Grande Rota das Flores. A Grande Rota das Flores percorre
boa parte do litoral costeiro da ilha, ligando Santa Cruz das Flores à
freguesia do Lajedo, situada na costa sudoeste da ilha. O percurso é linear,
tem 47 km de extensão e um grau de dificuldade elevado, com troços "não
aconselháveis a pessoas com vertigens, em especial a descida da Rocha do
Risco". A Grande Rota das Flores é normalmente dividida em duas etapas, com
paragem em Ponta Delgada. Mais informações.
